quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Resumo da entrevista com Vitor Quelhas.


O conto de fadas não é algo imposto, se permite recriar, problematizar, nele todos os temas podem ser apresentados, trabalhados e permissivos a interpretações diversas. Um conto pode ser lido por várias pessoas e interpretado de diversas maneiras, cada leitor tem seu modo de enxergar-se na história de buscar soluções, pois é isso que se propõe o conto de fadas, mostrar problemáticas e encontrar junto ao leitor soluções - não é algo posto, mas construído e reconstruído diversas vezes.
 As crianças devem lê-los conscientes a viajar por um mundo cheio de lacunas a serem preenchidos por seus próprios pensamentos.  Os temas abordados, como já fora mencionado, são diversos, pois se deve trabalhar o cotidiano vivenciado pelos leitores, ou seja, temas como a morte, o abandono ou o nascimento e a criação, estão dispostos a serem lidos.
É obvio que muitos lerão e criarão certo temor, mas isso não se pode servir como um empecilho e sim um acréscimo às experiências pessoais e o desenvolvimento de emoções, já que o mesmo em determinada fase infantil se faz primordial.
A criança tem que encontrar sentido no que lê, assim fazendo parte da sua vivência, lembrando que os contos de fadas revelam muito sobre seu leitor, suas reações e os significados encontrados pelo mesmo, aparecendo assim, o interesse da psicanalise nestas interpretações, de uma realidade paradoxal presente em nossos sonhos.
O público destes contos não são apenas crianças, mas adultos que também se interessam por este universo místico, onde suas experiências e sonhos tomam forma, cores e formatações. Deste modo, quando um adulto lê e se entrega ao conto, ele pode transmitir esta magia para uma criança, ler friamente um livro qualquer não cria um ambiente propicio a sonhos, mas a modelos frios e inertes. Os contos primordialmente, devem ser ditos, contados oralmente, com prazer, interpretação e emoção.
Quando uma criança vivencia o conto de fadas, todo seu corpo responde a isto, sua respiração muda, sua mente borbulha, seus olhos atentos e brilhantes. Ela se vê em qualquer que seja o personagem, mesmo secundário, se encanta, permite-se sonhar, permite-se até criar uma história depois da história, dê a ela um livro só de figuras e ouvirá diálogos e contos inéditos, fruto de sua imaginação fértil e produtiva, que dará um sujeito social critico e que busca problematizar tudo que é posto, que cria e recria a si e a sua realidade. Um sujeito imerso em seu próprio conto de fadas.

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