O conto de fadas não é algo imposto, se permite recriar, problematizar, nele
todos os temas podem ser apresentados, trabalhados e permissivos a
interpretações diversas. Um conto pode ser lido por várias pessoas e
interpretado de diversas maneiras, cada leitor tem seu modo de enxergar-se na
história de buscar soluções, pois é isso que se propõe o conto de fadas,
mostrar problemáticas e encontrar junto ao leitor soluções - não é algo posto,
mas construído e reconstruído diversas vezes.
As crianças devem lê-los conscientes a viajar
por um mundo cheio de lacunas a serem preenchidos por seus próprios
pensamentos. Os temas abordados, como já
fora mencionado, são diversos, pois se deve trabalhar o cotidiano vivenciado
pelos leitores, ou seja, temas como a morte, o abandono ou o nascimento e a
criação, estão dispostos a serem lidos.
É
obvio que muitos lerão e criarão certo temor, mas isso não se pode servir como
um empecilho e sim um acréscimo às experiências pessoais e o desenvolvimento de
emoções, já que o mesmo em determinada fase infantil se faz primordial.
A
criança tem que encontrar sentido no que lê, assim fazendo parte da sua
vivência, lembrando que os contos de fadas revelam muito sobre seu leitor, suas
reações e os significados encontrados pelo mesmo, aparecendo assim, o interesse
da psicanalise nestas interpretações, de uma realidade paradoxal presente em
nossos sonhos.
O
público destes contos não são apenas crianças, mas adultos que também se
interessam por este universo místico, onde suas experiências e sonhos tomam
forma, cores e formatações. Deste modo, quando um adulto lê e se entrega ao
conto, ele pode transmitir esta magia para uma criança, ler friamente um livro
qualquer não cria um ambiente propicio a sonhos, mas a modelos frios e inertes.
Os contos primordialmente, devem ser ditos, contados oralmente, com prazer,
interpretação e emoção.
Quando
uma criança vivencia o conto de fadas, todo seu corpo responde a isto, sua
respiração muda, sua mente borbulha, seus olhos atentos e brilhantes. Ela se vê
em qualquer que seja o personagem, mesmo secundário, se encanta, permite-se
sonhar, permite-se até criar uma história depois da história, dê a ela um livro
só de figuras e ouvirá diálogos e contos inéditos, fruto de sua imaginação
fértil e produtiva, que dará um sujeito social critico e que busca
problematizar tudo que é posto, que cria e recria a si e a sua realidade. Um
sujeito imerso em seu próprio conto de fadas.
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